sexta-feira, 3 de setembro de 2010

10 músicas para se ouvir dirigindo

No espírito do livro "Alta Fidelidade" e do programa Top Top inauguro a sessão "Dez músicas para se ouvir". Iniciando com 10 músicas para se ouvir dirigindo. Vamos em ordem crescente:

10. Saber amar (Paralamas do sucesso): letra bonita e belos acompanhamentos em piano e saxofone

9. Construção (Chico Buarque): dirigir é um bom momento pra se prestar atenção na melhor letra já escrita neste país

8. Smile like you meant it (The Killers): Killers rocks!!!

7. Faithful (Brooke Fraser): Pra quem não conhece aí vai a dica, cantora fantástica e letras profundas!

6. Grey room (Damien Rice): Triste mais belíssimo

5. Stay in these roads (A-ha): Sim!A-ha! Tá aí uma banda que, na minha opinião, é pouco valorizada! Música pra escutar de noitona, com uma Lua! Cuidado pra não enfiar o pé no acelerador!

4. Miss Sarajevo (U2 e Luciano Pavarotti): Música linda, a parte que o Pavarotti é perfeita! Um libelo pela paz (como o que o U2 faz!)

3. London, London (Caetano Veloso): Me lembra os passeios de carro que eu fazia com o meu pai na infância

2. There`s a light that never goes out (The Smiths): The Smiths era uma banda maravilhosa e Morrisey é um compositor muito dramático!

1. The River (Bruce Springsteen): Uma informação inútil...foi feita uma pesquisa nos EUA (coisa de americano mesmo), perguntando-se quem era o artista que fazia as pessoas dirigirem correndo mais, deu Springsteen fácil, fácil! Música perfeita para se ouvir em uma viagem de busão (eu garanto!!!)

Agora, experimente aí a minha lista e diga se eu estou certo ou errado!!! Ah, pode comentar se você acha que faltou alguma música na lista!

domingo, 29 de agosto de 2010

Mosaico

Quase todos os dias a minha vida é como aquela música do Chico Buarque, “Cotidiano”, não que eu tenha alguém pra me acordar (esta função cabe ao alarme do meu celular) e que tenha a “boca de hortelã e de feijão”, mas todo dia me vejo enredado em uma incessante rotina. Não que eu seja o único, creio que sou eu e mais alguns bons milhões de pessoasgeralpontocom. Porém o que me impressiona não é fazer tudo sempre igual, mas é perceber quantas pessoas diferentes eu sou ordinariamente. Acompanhe-me por um dia qualquer de serviço.
Acordo às 6 e meia, levanta-se então a minha primeira versão do dia – Igor- modelo - Robert Smith (pra quem não se lembra Robert Smith é o vocalista daquela banda The Cure, que canta: “booooooooooys don`t cry” – banda fantástica, por sinal), cabelo pra cima, cara amassada e alto nível de depressão por ter que acordar cedo pra ir para o hospital (primeiro momento de crise existencial do dia). Inicia-se o round 1: banho rapidamente, me visto, não tomo café e saio correndo no carro escutando “ Acorde e Recorde”da rádio 96 (se eu tiver sorte o locutor resolve tocar músicas, em vez de ficar mandando abraços), nessa hora já esqueci das minhas angustias matinais porque tenho que correr pra assinar meu ponto (sempre orando pra não haver um engarrafamento).
Entra em ação o Igor 2, modelo fisioterapeuta (é o jeito). A vida no hospital é uma vida que dependendo do dia pode ser bastante complicada, mas – depois de assinar o ponto – sempre sinto um cansaço da correria da alvorada (segundo momento de crise existencial do dia), às vezes tomo café por lá perto e às vezes não dá tempo pra respirar. Mas sempre fico pensando na hora de voltar pra casa ou no tanto de coisa que ainda tenho pra fazer. Opa! Chegou a hora do almoço! Corro pra casa, como rapidinho, digo para minha irmãzinha que pela milésima vez não posso levá-la pra escola, banho,assisto um pouco do programa de esporte (reage Flamengo!) , arrumo as coisas e roupa para faculdade, descanso um pouquinho e volto pro hospital! Tensão! Tensão! Engarrafamento! Ouço “Pânico” para não estressar e oro novamente para não atrasar (ultimamente Deus, além de ser pai, tem sido guarda de trânsito também). Chego novamente no hospital, um olho nos pacientes e o outro em um livro de Direito e fico na expectativa de ir para faculdade (incrível, mas a faculdade é a melhor hora do dia).
18 horas! Troca de roupa e corre para faculdade, outro Igor! Round 3: “lídeeeeeeeeeer, o ar condicionado tá quebrado” (terceiro momento de crise existencial do dia) e lá vai Iguinho atrás do rapaz da manutenção!Acontece a aula e eu só com o almoço na barriga (não se preocupem comigo, infelizmente, tenho bastante reserva na barriga). 10 e meia da noite e volto pra casa ouvindo Rádio Universidade – ainda no pique. Chego, vejo a minha mãe pela primeira vez no dia, converso um pouco com ela, enquanto ela trabalha no computador, banho, janto, vejo TV, mexo na internet, estudo, tudo junto e ao mesmo tempo!
E é nesta hora, depois de tudo isso, no silêncio do inicio da madrugada que eu paro e penso: “mas afinal, de tantas pessoas que eu fui em um só dia, quem realmente eu sou?” (quarto momento de crise existencial do dia). Por força da vida, a gente é obrigado a interpretar vários personagens todos os dias, alguns a gente realmente gosta e outros a obrigado a ser, mas será que no final nós somos só esse mosaico ou ainda há uma pessoa por inteiro, uma pessoa interior que é só nossa?
Claro que contei só uma parte do meu dia, aquela que é mais estressante... Porém, entremeada a tudo isso, ainda há a parte que vale muito a pena: os bons amigos do serviço, os excelentes amigos da faculdade e da vida, as boas músicas que ouço no meu carro, as boas leituras que faço, os bons filmes que assisto, a Lua que observo quando volto pra casa e os rostos mais que queridos dos meus familiares. Talvez estas coisas boas sejam a cola que gruda o mosaico da minha vida, assim eu consigo olhar pra dentro e ver que eu sou muito mais que um conjunto de representações. Ou como dizia Ferreira Gullar: “como dois e dois são quatro, sei que a vida vale à pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena”!!!!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Poema enjoadinho

Não tenho filhos, mas o dia que eu tiver (futuro distante!) provavelmente este se tornará meu poema predileto! Depois dessa semana maluca e atribulada prometo escrever um post meu, para que as poucas almas caridosas que acmpanham este blog possam ler (hehehe):


Filhos...Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filho? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!


Vinícius de Morais

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ouvir estrelas

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac